Conteúdos

Conteúdos

Veja nossas postagens

Reportagem | Recuperações judiciais disparam 120% no Rio Grande do Sul

O Jornal do Comércio publicou uma reportagem, dia 09 de agosto, sobre o aumento significativo dos pedidos de recuperação judicial no Brasil, revelando o alto endividamento das empresas, a dificuldade em pagar credores e o impacto atrasado da pandemia de Covid-19 em suas finanças. Em maio de 2023, os pedidos aumentaram 105,2% em relação ao ano anterior, de acordo com a Serasa Experian. No Estado, o crescimento das recuperações judiciais é ainda mais forte, com um aumento de 120% nos primeiros cinco meses de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, conforme dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (Jucisrs).


Os setores mais afetados são serviços e varejo, com fatores externos como taxas de juros elevadas, custos de aluguel, concorrência com produtos importados e isenção tributária para compras de até R$ 50,00. Esse aumento nos casos pode levar a um efeito cascata de mais pedidos de recuperação judicial, causando dificuldades financeiras para os credores envolvidos. Além dos fatores externos, a má gestão empresarial também contribui para a inadimplência, resultando em passivos maiores que as receitas.

A sócia da Mirar Gestão Empresarial, Mariana Miranda, concedeu entrevista sobre o tema e o papel dos contadores em todo o processo. Confira sua participação:

“Desde o diagnóstico da crise até as negociações com credores, a gama de atuação de profissionais contábeis é vasta em processos de recuperação judicial. Isso porque toda a reestruturação depende, efetivamente, de uma revisão minuciosa sobre o histórico financeiro da empresa. Nesse contexto, é o contador quem sabe ler a história através dos números e, por isso, tem sido cada vez mais procurado em momentos de crise. “O profissional contábil é importante antes mesmo do pedido de recuperação judicial, no momento de diagnóstico econômico e financeiro. Essa análise é importante para saber se efetivamente a recuperação judicial é a solução, mensurar qual é a capacidade de geração de caixa do negócio e se está condizente com o nível de amortização”, explica a sócia da Mirar Gestão Empresarial Mariana Miranda, que atua há mais de 12 anos na área.

Se for o caso de uma recuperação judicial, o profissional passa a assessorar o processo de reestruturação, projetando um cenário factível que a empresa tenha geração de caixa para suprir as obrigações que vai contrair durante o decorrer da recuperação. “Os contadores também podem atuar na negociação com os credores, na construção do plano de recuperação e, principalmente, no laudo de viabilidade financeira, que é uma das premissas da recuperação judicial. Mas enfatizo que esse é um processo multidisciplinar, ou seja, não se faz apenas com advogado, ou contador”, orienta a especialista. Mesmo assim, todo o planejamento tem como função primordial fazer com que a empresa honre o pagamento de suas dívidas. É uma pequena parcela que consegue, de fato, voltar ao mercado com a reputação ilibada.

Segundo o auditor Luiz Willibaldo Jung, sócio da Moore Auditores e Consultores, essa dificuldade de recuperação se dá em razão de que “muitos empresários retardam o pedido de recuperação por constrangimento, pois acreditam que é um atestado de incompetência. Mas, quando a crise já́ está em um nível muito alto, muitas vezes a situação se torna irreversível”. Diante disso, Mariana alerta que os sinais de qualquer crise começam a aparecer muito antes de ela se instalar. O primeiro ponto de atenção é quando uma empresa precisa se financiar, reiteradamente, no curto e médio prazo, com capital de terceiros, na maioria das vezes por empréstimos ou descontos de títulos. Nessa fase, normalmente o empresário já parou de recolher tributos. A empresa começa a ter dificuldade em honrar com suas obrigações e o refinanciamento da dívida passa a aumentar o seu custo financeiro. O patrimônio líquido (diferença entre ativos menos o passivo) fica cada vez mais negativo, ou seja, os valores das obrigações são superiores aos ativos da empresa. “Se a empresa tem uma cultura de análise de desempenho, faz diagnósticos frequentes, é possível, sim, que o problema seja detectado antes de se agravar, e seja contornado sem maiores danos ao negócio”.

 

 

Clique aqui para acessar a reportagem completa do Jornal do Comércio