Tipos de Crise Empresarial
Gestão de crise é um assunto delicado para muitas empresas. Afinal, representa um momento de vulnerabilidade e incerteza, no qual precisa-se de agilidade e assertividade para conter a situação. Quando falamos em crise podemos levá-la em consideração sobre vários aspectos, significando diferentes tipos de prejuízos para uma organização. Assim, podemos considerar que existem três tipos de crise empresarial: econômica, financeira e patrimonial. De acordo com o grau de severidade da crise a mesma pode ser classificada como simplesmente econômica, que se caracteriza pela geração de resultados negativos, ou seja, prejuízos, que tanto podem ser operacionais ou decorrentes de uma inadequada estrutura de capitais. O estado inicial de qualquer movimento de dificuldade empresarial é a crise econômica, ou seja, o convívio contínuo com resultados negativos – prejuízo.
Após este estágio, e agravamento desta situação, passa-se para um colapso financeiro, onde para cobertura destes déficits econômicos a empresa começa a inadimplir impostos, fornecedores, e/ou outras obrigações e quase simultaneamente a buscar fontes recursos financeiros para sanar tal desequilíbrio de caixa. Caracteriza-se também pela incapacidade de honrar compromissos de curto prazo com consequente aumento de endividamento, seja financeiro, tributário ou operacional. A fase derradeira de toda crise é a crise patrimonial, onde não tendo mais disponibilidade de recursos nos agentes do mercado financeiro, a empresa expõe sua estrutura – patrimônio – a teste, destruindo toda riqueza construída ao longo dos anos. Este degrau caracteriza-se pela corrosão do capital próprio e a tentativa por parte dos credores de expropriação dos bens da sociedade, ou dos garantidores, de bens como forma de pagamento de seus créditos. Para melhor identificação do nível de tal problema, entende-se a crise através de uma escala de intensidade chamada de “Graus da Crise”. Além da identificação do grau de celeridade da crise, é preciso identificar a medida mais plausível a ser tomada para administrar este descompasso empresarial latente.
O primeiro estágio, denominado de crise moderada, caracteriza-se pela redução de resultados operacionais, e exige dos gestores medidas que possibilitem a melhoria da eficácia operacional, tais como redução de custos fixos, concentração em produtos e serviços com maior margem de contribuição, implantação de ferramentas gerenciais que possibilitem melhorar o processo decisório dentre outras. O segundo degrau, denominado de crise moderada–grave que se caracteriza pelos primeiros sinais de crise financeira, ou seja, aumento de endividamento e redução do capital próprio. Este estágio exige dos administradores que além das medidas anteriormente elencadas um alongamento do perfil da dívida através de processos de negociação. Exige também medidas mais drásticas de redução de custos e principalmente de redução da necessidade de capital de giro, tais quais redução do PMRE (prazo médio de renovação dos estoques) alongamento do PMP (prazo médio de pagamentos) dentre outras. O terceiro nível, denominado de crise grave, caracteriza-se pela corrosão acentuada do patrimônio líquido e o aumento exponencial do endividamento. Este estágio exige ações mais contundentes, seja de alongamento de passivo, como de eficácia operacional e de capital de giro. A estratégia empresarial deve ser imediatamente revista. A recuperação extrajudicial passa a ser a ferramenta adequada para tal estágio. O quarto estágio, denominado de crise gravíssima, mas reversível, caracteriza-se pela perda da capacidade de tomada de decisão. A ação dos credores, com vistas ao recebimento de seus créditos através da expropriação de ativos, pode paralisar a operação a qualquer momento. Neste estágio deverá ser elaborado um diagnóstico empresarial que responda ao seguinte questionamento “Nosso negócio é viável?” em outras palavras, se o passivo for contido a empresa é capaz de gerar caixa? Se a resposta for afirmativa a solução a ser adotada é a Recuperação Judicial. Se a resposta for negativa a solução adotada deverá ser o quinto e último estágio, a autofalência. Toda e qualquer empresa está suscetível a enfrentar diferentes tipos de crise ao longo de seu ciclo de vida.
A melhor forma de evitar ou superar uma crise é conhecer o seu perfil e desviar a organização de suas possíveis consequências.